quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Coragem. Coraticum. Courage. Coraje. Coraggio.


(Representação do labirinto da Catedral Notre Dame de Chartres - Templo francês dedicado, pelos Templários, à Virgem)

“O passarinho
quando aprende a voar
sabe mais sobre coragem
que de vôo.”
(Lucas)

Essa frase serviu como uma chave.

Enquanto tentamos calcular o próximo passo, ainda não temos o mais importante para dá-lo: coragem.

Coragem. Do latim coraticum (cor-aticum). Do francês courage (cor-age). Ato do coração.

“Coragem é estar morrendo de medo… e seguir em frente mesmo assim.” John Wayne

“A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.” Aristóteles

“Quem perde seus bens perde muito; quem perde um amigo perde mais; mas quem perde a coragem perde tudo.” Dom Quixote, Miguel de Cervantes

A coragem mora no coração, não na mente.

Está ligada aos sentimentos, não à racionalização.

Diz respeito a um valor interno, não reconhecimento externo.

Crescemos ouvindo: pense antes de agir, planeje a sua vida, garanta o seu futuro.

De repente chegamos aqui, em um lugar que parece destacado do mundo em que crescemos, onde nos dizem: ouça o seu coração!

Queremos uma explicação lógica, didática, pronta. Mas sempre ouvimos a mesma frase: “siga o seu coração!”

É, simplesmente, incompreensível – até mesmo frustrante.

Nós perdemos a bússola. Envolvemos o coração em uma couraça, para não ouvi-lo. Passamos a vida esperando a chegada do futuro que planejamos (quando, então, poderemos fazer tudo o que sempre sonhamos), mas deixamos de viver o abençoado presente.

Afinal, que estrada foi essa que nos ensinaram a seguir?

Disseram-nos: seja forte, combativo, jamais exponha as suas fraquezas. Assim, empacotamos todos os nossos sentimentos e vivemos de forma mecânica. Estamos sob controle. Somos apenas zumbis mais modernos: cheirosos, bem vestidos e “bem sucedidos”.

Levamos esse personagem para passear, para trabalhar, para namorar. Mas, quando chegamos em casa, vestimos a nossa roupa de ser humano e choramos alto debaixo do chuveiro, torcendo para os olhos não incharem (imagina se descobrem as nossas mazelas?!).

Máquina de fazer louco.

Eu escolho entrar no labirinto que, carinhosamente, chamo de caminho do coração.

Sabe a estrada da vulnerabilidade? É essa.

Sabe a estrada da exposição de sentimentos? É essa.

Sabe a estrada do contato humano? É essa.

Sabe a estrada da disponibilidade? É essa.

Sabe a estrada do autoconhecimento? Também é essa.

Garanto, não tem erro. Todas as estradas mais radicais, mais loucas, mais incompreensíveis, mais apavorantes, levam até lá.

Ninguém vai entender o seu caminho, mas, conforme for chegando mais perto “dele”, vai começar a ouvir um sussurro sufocado por vários tum-tuns, dizendo: eu sabia que você vinha!

O seu caminho, tão julgado, tão criticado, tão solitário, foi capaz de levá-lo ao centro do seu ser.

Não há caminhos idênticos. Por que, então, eu ou você saberíamos o melhor caminho a ser seguido por alguém? Como saberíamos onde estavam guardadas as chaves para o aprendizado necessário à sua vida? Deveríamos, nós, oferecer o nosso próprio caminho ao outro (estrada da qual já retiramos todas as chaves), desviando-o do seu próprio?

Certamente não.

Certamente cada um deve enfrentar o seu próprio labirinto e encontrar, em cada beco sem saída, um presente deixado pela sua alma, que o ajudará a encontrar o caminho de volta, mais forte, mais experiente, mais seguro.

Certamente, então, seremos aqueles que passarão pela porta de vários labirintos sussurrando: siga o seu coração!



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